segunda-feira, 14 de março de 2011

Predadores


Está escuro. Está frio. Estou com medo. A noite parece interminável, nenhum mísero raio de sol anuncia o amanhecer. O uivo dos coiotes me lembra que tenho companhia indesejável por perto. Estou sentada agora, apoiada no caule de uma árvore qualquer, meus pés já doem por andar em círculos por horas. Sei que pode parecer que estou perdida, mas não estou; eu quis estar aqui, só não imaginei que terminaria dessa forma, quer dizer, era pra ser um belo passeio pelo bosque num dia ensolarado, mas se transformou numa caminhada sombria em uma noite vazia. Se eu sabia dos perigos ao enfrentar o desconhecido? Sim, é claro, mas achei que quando chegasse a noite eu teria a mão de alguém pra segurar, uma voz no meu ouvido dizendo que daria tudo certo. Tola! Parece que ele foi mais esperto que eu, pegou sua trilha e foi pra casa, me lançou as feras do jeito mais covarde... A noite continua, meus companheiros coiotes parecem ter se acalmado, a lua cheia muda vagarosamente sua posição, eu permaneço na minha. Ninguém veio me procurar ainda, ninguém sentiu a minha falta, nenhuma voz clama meu nome na escuridão. Pela primeira vez sinto-me verdadeiramente sozinha, mas a escolha foi minha, foi minha vontade estar ali, e agora tenho que encarar as consequências, por mais dolorosas que elas sejam, é obrigação minha enfrentá-las, e sobreviver a elas. Enfim, um pequeno raio de sol faz nascer uma ponta de esperança em mim. Me sinto melhor, o frio e o medo se dissipam lentamente; pareço mais forte com o amanhecer, mas ainda estou sozinha, continuo sendo só uma menina frágil cercada por predadores. Será que um dia alguém vai sentir minha falta?
Little J.

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