segunda-feira, 7 de março de 2011

Parada Final


Passos e conversas me despertam. Levanto-me da minha poltrona, pego minha bagagem e saio do vagão em meio a uma multidão eufórica; pessoas se abraçam, riem, choram, eu pareço ser a única indiferente. Todos me olham sem surpresa, como se meu rosto fosse familiar, mas tudo aquilo era estranhamente confuso para mim, algo não estava certo. Teria eu desembarcado na estação errada? [...] Avisto algo de qual vagamente me recordo, um banco de madeira branco, já amarelado e desgastado com o tempo; sento-me. Passam-se alguns minutos, minha mente procurando entender o que eu fazia naquele lugar, aonde eu estava, afinal? Começo a olhar os pequenos detalhes do banco no qual eu me sentara; vejo um nome, o meu nome, letras disformes, obviamente escrito com alguma ferramenta amadora, talvez uma chave ou algo do tipo, passo a mão levemente sobre a poeira depositada na tinta quase totalmente descascada, mais abaixo havia um outro nome, e uma data. Tudo começa a fazer sentido, me recordo daquele lugar, das pessoas que agora, entre idas e vindas, parecem já não notar minha presença; a data do meu embarque, aquele o qual me acompanhava, onde ele está agora? Não faz sentido me abandonar de tal forma, sem explicações, apenas me deixando um nome e uma data; tão longa viagem não chega a sua parada final dessa forma. Resolvi esperar por respostas, mas só acumulo mais e mais perguntas. Ainda não sei qual o sentido em esperar aquele que não me prometeu voltar, mas se um velho banco é tudo que me resta, permanecerei ali, mas não para sempre, espero. Quem sabe um dia me canso de ficar presa a nada mais que recordações e embarco num próximo trem.
Little J.

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